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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A arte fazendo sua parte na história do povo luso-açoriano no RGS

                                                  
                               
A Colcha Açoriana Solidária da Chico Viale recepcionou a comitiva que
veio conhecer as esculturas que estarão fazendo parte das comemorações aos
 260 Anos da imigração açoriana no RGS. 
  

Dra Graça Castanho em visita ao Atelier Manacá Florido em 21/02/2012

  A construção da açorianidade hoje
  A açorianidade no mundo de hoje (além fronteiras) é o resultado direto de um ancestral movimento migratório de açorianos que se disseminaram pelos quatro cantos do mundo à procura de uma mudança de vida que lhes proporcionasse aquilo que, mercê de uma série de vicissitudes, não conseguiam encontrar na sua terra de origem. Este desiderato motivou a partida de muitos açorianos em épocas diferentes para diversos países que os receberam. Começa aqui a grande epopeia da açorianidade pelo Mundo. Com a migração açoriana iniciou-se, nos países de acolhimento, a grande sementeira dos valores socioculturais que identificam e individualizam as gentes deste Arquipélago, onde quer que se encontrem.

As gentes das ilhas, ao partirem, deixaram a sua terra natal; porém, levaram consigo as bases da sua matriz cultural: a açorianidade. A ambiência física dos Açores, assim como os seus valores patrimoniais e culturais, foram-lhes impressos na alma. Sem esta ninguém vive e sem valores nenhum espírito se alimenta. Por isso, a açorianidade foi medrando alimentada por uma forte saudade e pelas sucessivas levas de emigrantes que aconteceram em tempos idos, as quais, para além de contribuírem para o rejuvenescimento das próprias comunidades, estimularam a realização, nas diversas instituições açorianas da diáspora, de iniciativas que mantiveram viva, até aos dias de hoje, a açorianidade.

A vivência da açorianidade não colocou entraves à plena integração dos açorianos nas sociedades de acolhimento. Antes pelo contrário. Foi tida como meio privilegiado para dar a conhecer, nas comunidades recetoras, a riqueza e a genuinidade de um património cultural específico. As gentes açorianas emigradas se, por um lado, tiveram interesse em divulgar os usos e tradições que enformam a sua cultura, por outro, souberam aceitar, como fator de enriquecimento e de plena integração social, a ambiência cultural que as rodeava. Por este motivo se diz que ser-se açoriano nos EUA, no Canadá ou no Brasil é compatível com ser-se americano, canadiano ou brasileiro.

Com o passar do tempo, com o envelhecimento e desaparecimento das gentes que emigraram dos Açores (primeiras gerações) e com uma emigração hodierna quase inexistente, ou que poderemos denominar de residual, torna-se necessário valorizar as pessoas e instituições que continuam a perpetuar os valores das gentes açorianas e a divulgar os Açores à escala mundial, ao mesmo tempo que urge reforçar, junto dos açor descendentes emigrados, os meios que proporcionam oportunidades destes, eventualmente, se interessarem pelo conhecimento do vasto património cultural da terra onde mergulham as suas raízes: os Açores. Por isso e para isso, é preciso continuar a mobilizar pessoas e meios – mais pessoas que meios – para se levar esta tarefa até onde for possível.

A açorianidade da contemporaneidade cumpre-se em comunidades integradas e prósperas em países onde o desenvolvimento e a aceitação caracterizaram desde sempre a nossa presença além fronteiras. Em resultado disto, os Açores têm embaixadores do seu povo, que muito nos orgulham, nos quatro cantos do mundo. Falamos de açorianos e açorianas notáveis, nos seus percursos de vida, que têm valorizado e prestigiado não só as comunidades que os viram nascer como também o torrão natal. Encontrámo-los nas mais diversas áreas do saber e da intervenção política, social e profissional, sendo os seus expoentes máximos o Nobel da Medicina 2006, Professor Craig Mello, e os onze presidentes de origem açoriana que, pelo mundo, deixaram a sua marca indelével: dois em Portugal; quatro no Brasil e cinco no Uruguai.

Com o objectivo de aproximar os açorianos residentes no estrangeiro e de aprofundar a açorianidade, o Governo dos Açores, através da Direcção Regional das Comunidades e em colaboração com diversas instituições açorianas da diáspora tem levado a efeito, ao longo dos tempos, uma série de iniciativas culturais realizadas dentro e fora da Região, que muito tem contribuído para a criação de pontes que aproximam as comunidades entre si e os Açores.

Por tudo isto vale a pena continuar a revigorar e a fortalecer estes laços, para que a açorianidade, valor que identifica e individualiza as gentes açorianas, tenha um lugar próprio na aldeia global em que se transformou o mundo e ultrapasse a delimitação geográfica das próprias ilhas.
Graça Castanho
Diretora Regional das Comunidades do Governo dos Açores e docente da Universidade dos Açores
Natural de Maia, S. Miguel, residente em Ponta Delgada


 Comitiva de Porto Alegre e Gravataí que acompanhou Dra. Graça à Gramado na terça de Carnaval. Instituto Cultural Português, Casa dos Açores do RGS e Comissão dos Festejos dos 260 Anos de Imigração Açoriana no Estado. 


 

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